Sem querer deletei todo o antigo blog. O Quadrante Delta ficou ainda mais perdido no espaço... Através deste novo veículo retorno àquelas paragens. Refaço o caminho, reconheço o trajeto e, embora não possa recuperar o que já está perdido, o quadrante ainda reserva mundos inexplorados. Boa viagem!

sábado, 18 de junho de 2011

Coração de cachorro

Não sei de quem é este texto. Mas acho que diz tudo sobre cães...

"Eu me dei conta que cada vez que um dos meus cachorros  parte, ele leva um pedaço do meu coração com ele.  Cada vez que um cachorro novo entra na minha vida ele me abençoa com um pedaço do coração dele.  Se eu viver uma vida bem longa, com sorte, todos as partes do meu coração serão de cachorro, então eu me tornarei tão generoso e cheio de amor como eles"
 (Autor desconhecido.)

domingo, 24 de abril de 2011

Explosão final

As perguntas que não param:
Será que termino a tempo?
Será que ficará bom?
Tanto quanto eu esperava?

O que antes parecia estar sendo construído aos poucos, tijolo a tijolo, agora parece uma avalanche.

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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Um texto para pensar

Colegas, futuros e antigos mestrandos e curiosos em geral,

Recebi hoje por e-mail o texto abaixo. Talvez vocês já conheçam, eu não conhecia. Não é novo mas é sempre atual, dadas as demandas acadêmicas serem sempre tão parecidas.

Lendo passei por momentos de riso, irritação, reflexão... risos de novo, enfim... Espero que ele possa despertar em vocês estas ou até mais e outras coisas...

Abraço a todos

Uma tese é uma tese

MARIO PRATA
Quarta-feira, 7 de outubro de 1998 CADERNO 2

Sabe tese, de faculdade? Aquela que defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu estou falando. Você deve conhecer pelo menos uma pessoa que já defendeu uma tese. Ou esteja defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é feita para ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam de botar banca.
As teses são todas maravilhosas. Em tese. Você acompanha uma pessoa meses, anos, séculos, defendendo uma tese. Palpitantes assuntos. Tem tese que não acaba nunca, que acompanha o elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte.
O mais interessante na tese é que, quando nos contam, são maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o sofrimento do autor, anos a fio. Aí ele publica, te dá uma cópia e é sempre - sempre - uma decepção. Em tese. Impossível ler uma tese de cabo a rabo.
São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas apenas para o julgamento da banca circunspecta, sisuda e compenetrada em si mesma. E nós?
Sim, porque os assuntos, já disse, são maravilhosos, cativantes, as pessoas são inteligentíssimas. Temas do arco-da-velha. Mas toda tese fica no rodapé da história. Pra que tanto sic e tanto apud? Sic me lembra o Pasquim e apud não parece candidato do PFL para vereador? Apud Neto.
Escrever uma tese é quase um voto de pobreza que a pessoa se autodecreta. O mundo pára, o dinheiro entra apertado, os filhos são abandonados, o marido que se vire. Estou acabando a tese. Essa frase significa que a pessoa vai sair do mundo. Não por alguns dias, mas anos. Tem gente que nunca mais volta.
E, depois de terminada a tese, tem a revisão da tese, depois tem a defesa da tese. E, depois da defesa, tem a publicação. E, é claro, intelectual que se preze, logo em seguida embarca noutra tese. São os profissionais, em tese. O pior é quando convidam a gente para assistir à defesa. Meu Deus, que sono. Não em tese, na prática mesmo.
Orientados e orientandos (que nomes atuais!) são unânimes em afirmar que toda tese tem de ser - tem de ser! - daquele jeito. É pra não entender, mesmo. Tem de ser formatada assim. Que na Sorbonne é assim, que em Coimbra também. Na Sorbonne, desde 1257. Em Coimbra, mais moderna, desde 1290. Em tese (e na prática) são 700 anos de muita tese e pouca prática.
Acho que, nas teses, tinha de ter uma norma em que, além da tese, o elemento teria de fazer também uma tesão (tese grande). Ou seja, uma versão para nós, pobres teóricos ignorantes que não votamos no Apud Neto.
Ou seja, o elemento (ou a elementa) passa a vida a estudar um assunto que nos interessa e nada. Pra quê? Pra virar mestre, doutor? E daí? Se ele estudou tanto aquilo, acho impossível que ele não queira que a gente saiba a que conclusões chegou. Mas jamais saberemos onde fica o bicho da goiaba quando não é tempo de goiaba. No bolso do Apud Neto?
Tem gente que vai para os Estados Unidos, para a Europa, para terminar a tese. Vão lá nas fontes. Descobrem maravilhas. E a gente não fica sabendo de nada. Só aqueles sisudos da banca. E o cara dá logo um dez com louvor. Louvor para quem? Que exaltação, que encômio é isso?
E tem mais: as bolsas para os que defendem as teses são uma pobreza. Tem viagens, compra de livros caros, horas na Internet da vida, separações, pensão para os filhos que a mulher levou embora. É, defender uma tese é mesmo um voto de pobreza, já diria São Francisco de Assis. Em tese.
Tenho um casal de amigos que há uns dez anos prepara suas teses. Cada um, uma. Dia desses a filha, de 10 anos, no café da manhã, ameaçou:
- Não vou mais estudar! Não vou mais na escola.
Os dois pararam - momentaneamente - de pensar nas teses.
- O quê? Pirou?
- Quero estudar mais, não. Olha vocês dois. Não fazem mais nada na vida. É só a tese, a tese, a tese. Não pode comprar bicicleta por causa da tese. A gente não pode ir para a praia por causa da tese. Tudo é pra quando acabar a tese. Até trocar o pano do sofá. Se eu estudar vou acabar numa tese. Quero estudar mais, não. Não me deixam nem mexer mais no computador. Vocês acham mesmo que eu vou deletar a tese de vocês?
Pensando bem, até que não é uma má idéia!
Quando é que alguém vai ter a prática idéia de escrever uma tese sobre a tese? Ou uma outra sobre a vida nos rodapés da história?
Acho que seria uma tesão.

Copyright 1998 - O Estado de S. Paulo

sábado, 16 de abril de 2011

Confinada

Acho que agora o negócio apertou de vez.

Nenhum tempo é suficiente, nenhuma leitura é o bastante, nenhuma disposição dá conta de tudo que preciso fazer, pensar, escrever...

Me sinto confinada em minha casa.
Fico aqui preocupada com o capítulo que não escrevi ainda e as coisas me olham o tempo todo. Me olha a roupa por dobrar, a louça por lavar, o imposto de renda que ainda não fiz.

Eu sem poder sair de casa para ir à virada cultural, sem poder ver tantas coisas que gostaria por aí. Tendo que ficar presa em casa, mas sem poder dar a ela um mínimo de civilidade.

Presa e sozinha, pois nada é tão solitário quanto a etapa final de uma dissertação...

Amigos ainda solicitam pelo msn (os que não desistiram ainda). Não posso agora, estou imersa no meu texto, às vezes meu fardo, às vezes minha inspiração.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Blog de Pesquisa

Olá a todos,

Queria pedir a ajuda de vocês de novo: Criei o blog http://museucontevoce.blogspot.com/ para recolher depoimentos sobre o Programa Cultura é Currículo para minha pesquisa.

Gostaria de pedir aos que são professores da rede estadual e educadores de museus para que visitem, leiam, respondam com suas experiências sobre o programa ou mesmo com a ausência dela.

Lá tem um post explicando tudo direitinho.

Para todos gostaria de pedir que divulguem aos conhecidos, quanto mais gente escrever melhor.

Mais pra frente penso em aproveitar o blog para outras conversas sobre museus.

Grande abraço e Obrigada!

domingo, 27 de março de 2011

Adeus Radha

Radha se foi. Simples assim.
A velhice surpreende por sua pressa. A finitude é uma coisa assustadora.

Radha se foi.
O quintal está frio e silencioso.
A casa está triste.

Está no pé do Ipê que há de crescer muito ainda.
Dia desses, será flores.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Radha e a velhice

Uns tempos atrás a Radha parou de comer. Ela já tinha parado algumas vezes, mas dessa vez não voltava mais. Foi ficando pele e osso, amuada, as moscas por cima.

Sexta passada levamos ao veterinário, a internou pois estava muito fraca e pediu uma série de exames para ver o que ela tinha. A suspeita não era nada boa.

Sábado voltamos e o pior se confirmou: câncer de fígado e baço, provavelmente por isso não queria mais comer. O médico nos contou, sem anestesia, que a doença não era operável nem tratável, dado o estado avançado e sua idade, mais avançada ainda. Visitamos ela no canil, querendo ser uma presença positiva, mas nossa capacidade não atingiu a expectativa. Ela queria voltar, é claro, mas a deixamos lá mais uma noite.

Foi um final de semana de agonia - para saber e por saber. Por ver sua vasilha de ração e o quintal vazio. A casa estava incompleta. E as previsões para o futuro deixavam esta incompletude ainda mais profunda.

Decidimos trazê-la de volta de qualquer jeito no domingo à noite. Tentaríamos fazê-la comer. Se ela ficar forte de novo vamos cuidando dela no tempo que lhe restar. Desde que não esteja com dor, e ela não está por enquanto, preferimos que fique em casa, no lugar que ela conhece.

Precisam ver a alegria e a mudança de atitude quando colocamos a guia. De repente ela entendeu que voltaria para casa! Foi tomada por uma energia que a fez querer explorar tudo.

Dizem que os pitts não sentem dor nem vivem muito. Ela já está com 12 anos. É estranho pensar que a poucos meses pulou o muro para passear e que um ano atrás ainda caçou um gato. A velhice vem de repente. Num dia forte e alegre, no outro debilitada e sem querer comer. Juro que achei que ela ainda tinha uns três anos... Talvez até tenha. Câncer é imprevisível. Às vezes avança muito rápido, às vezes fica estagnado, e a pessoa vai vivendo com ele, embora não possa vencê-lo.

Está em casa há quatro dias. Cada dia é uma nova vitória. Um dia come bem, outro não. Tem vomitado e o intestino ainda não funcionou. Às vezes levanta um pouquinho, abana o rabo, outras vezes só quer dormir. Está tomando uma batelada de remédio.

Vamos ver, nossa missão agora é fazê-la comer, beber e defecar. E vencer os vômitos.
Um dia de cada vez.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sem tempo para crises

Pois é... A segunda-feira começou estranha. Recebi o retorno do suposto capítulo III. A sugestão foi retirá-lo.

Suspiro...

Essa discussão não é de hoje... Já fomos e voltamos várias vezes com esse material, agora parece que ele não serve mesmo.

Estranhamente, ao ler o e-mail, minha primeira reação foi de aceitação. Estou tão cansada para insistir com tudo de novo... Isso também me assustou um pouco, pois não quero que seja assim, com decisões tomadas pelo cansaço. Por outro lado começo a acreditar de fato na opção apresentada pelas professoras. Elas devem estar certas.

Aos poucos um pouco de tristeza ocupou meu dia, recém amanhecido.

Compreender
Aceitar a perda
Se despedir de um trabalho feito

Tentei voltar aos afazeres do capítulo II no qual estava trabalhando. Mas a concentração não ajudou. A gente devia ter um tempo para ficar em suspensão, digerir as mudanças e o nosso próprio sentimento em relação a elas. Mas eu não tenho este tempo. Tentei.

Ainda assim me dei ao luxo de, só por hoje, não trazer nenhum livro para ler no ônibus.

Não posso parar, não agora, nem agora.
Ainda neste dia, tudo voltará a correr novamente, de alguma forma.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Mestrado vs Vida Social vs Trabalho

Outro dia, dividida entre capítulos e aniversários, entre leituras e churrascos, estava a me perguntar:

É o mestrado que atrapalha minha vida social ou minha vida social que atrapalha o mestrado?

Aí o Val falou que não era nada disso, era sim o meu trabalho que atrapalhava tanto o meu mestrado quanto a minha vida social.

Embora goste bastante do trabalho tenho que aceitar que isto faz muito sentido. Especialmente porque este trabalho me prende 45 horas por semana, preenchendo todo o horário comercial (também conhecido como horário de funcionamento de bibliotecas).

P.S. Finalmente enviei à Rejane o Capítulo I e recuperei o atraso no cronograma. Resta saber agora o que ela vai dizer.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Atrasos de Cronograma

Hoje é oficial: estou atrasada com meu cronograma do mestrado. O problema é o capítulo 1 que deveria ter sido terminado ontem e não foi.

Você deve estar se perguntando, por que, há menos de seis meses do final do prazo de entrega, ainda estou me descabelando com o Capítulo 1. Acontece que tive que reescrevê-lo pois o enfoque deste mudou. Aproveitei cerca de metade do que tinha mas precisei pesquisar mais, juntar coisas que estavam separadas, trazer outras...

Meu medo com capítulos de contextualização histórica é de que pareçam um "Frankstein". Trazer dados de tantas outras pesquisas e tentar juntá-los num pensamento lógico não é nada fácil, às vezes parece que estou costurando uma colcha de retalhos...

Bem mais fácil é escrever sobre os resultados da pesquisa de campo ou sobre nossas reflexões. O capítulo 1 ainda não chegou aí, acontece antes do campo e é pouco levado por reflexões. Acontece que a proposta dele é outra: contextualizar e não julgar. Então tenho que recorrer a tantos outros autores e juntar as coisas de maneira que a história fique contínua, e que a linha de pensamento faça sentido para o leitor.

Este é meu fardo, e está atrasado.

Tento me tranquilizar pensando que a intodução e o capítulo 2 precisam apenas de pequenos ajustes e que o capítulo 3 já está sendo lido pela orientadora.

Tenho pouco tempo para esses acertos... Logo estarei no capítulo 4: "Análises e Reflexões", este sim vai me exigir bastante... Mas acho que também será um trabalho muito mais prazeroso.

Só espero recuperar o tempo perdido.

Capítulo 1: acaba logo!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O nome de Deus em vão

Está cada vez mais difícil ler ou ouvir os comentários das pessoas sobre as notícias. A chuva matou um monte de gente: Deus sabe o que faz. O bebê foi retirado vivo dos escombros: Foi Deus que pôs a mão. A menina é transexual: que Deus ilumine sua alma. Alguém deu uma opinião menos tolerante: Que Deus tenha pena do sujeito. E por aí vai...

É um tal de botar Deus em qualquer conversa e em qualquer situação que nunca havia visto antes. E acontece em todos os lugares: no trabalho, no ônibus, na internet...

Que mania que as pessoas têm de atribuir tudo a uma força incontrolável, subjetiva e que foge a vontade delas. Trata-se de um escape. Colocando a culpa em Deus as pessoas não precisam assumir a responsabilidade de nada. Não precisam assumir que, por exemplo, produzem muito lixo, muita fumaça, muito filho.

O mesmo acontece, em certa medida, com o governo. As diferenças principais são:

1)      O governo realmente existe, independente de se acreditar nele ou não.
2)      O governo tem suas funções e, portanto, é responsável por uma série de coisas.

Por isso, diferente de Deus, o governo deve ser cobrado. (Cabe aqui uma confissão de culpa por ser, como a maioria das pessoas, negligente em meu papel de cobrar das autoridades atos e contas públicas.)

Por outro lado, apenas reclamar do governo com o colega ou o marido não resolve nada, a não ser gerar um clima de indignação no ambiente. Não que eu pense que não devamos falar mais nada, nem desabafar sobre os absurdos da política. Não é isso.

Apenas gostaria de chamar a atenção para o exagero, para o ato mecânico de culpar alguém cujos atos estão muito além da nossa escolha.

Por vezes culpar o governo pode ser tão cômodo e inútil quanto evocar a vontade de Deus. E é desta forma que as pessoas se esquivam da responsabilidade sobre suas próprias escolhas.

O que será, no meu modo de vida, que pode ter contribuído para determinado evento? Será que não sou eu que estimulo a produção de sacolas plásticas? Será que não sou eu que alimento a exploração de menores dando mais dinheiro que palavras? Será que não sou eu que ando de carro mais que o necessário? Será que não sou eu?

Enfim... É muito fácil falar de Deus ou do outro. Difícil é questionar a si mesmo.