Sem querer deletei todo o antigo blog. O Quadrante Delta ficou ainda mais perdido no espaço... Através deste novo veículo retorno àquelas paragens. Refaço o caminho, reconheço o trajeto e, embora não possa recuperar o que já está perdido, o quadrante ainda reserva mundos inexplorados. Boa viagem!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Mais uma metáfora para o mergulho e o vôo




Já acreditava que ser mulher é muito melhor do que ser homem. Ser homem me parecia mais fácil, mais liso, mais fluido e mais raso, embora eu nunca tenha sido pra saber. Mas ser mulher me soava mais forte, mais intenso, mais profundo, era melhor e era pior ao mesmo tempo, pois era extremo.
Algumas vezes me perguntava se era o gênero feminino que carregava toda essa intensidade ou se era eu mesma e se tudo não passava de uma análise equivocada do “ser mulher”.
Quando começou a popularização do termo “bipolar” (e sua banalização) cheguei a pensar sobre a bipolaridade e meu próprio ser. Acho completamente exagerado essa coisa de ficar colando rótulos médicos nos modos de ser das pessoas, mas de qualquer forma o termo me fez refletir. Se muitas vezes coisas banais podiam parecer tão maravilhosas, ou tão terríveis, é porque a vida em si é especialmente intensa, e a intensidade de viver é a revolução que acontece aqui dentro, não depende do que fazemos externamente.
Pensei se não trariam as mulheres em si toda essa “bipolaridade”. Essa intensidade maluca feito montanha russa, pois (lembro das aulas de biologia) é como uma montanha russa o gráfico mensal mais banal dos nossos hormônios e é muito fácil, para nós, ir da euforia à extrema melancolia em poucos minutos.
Bem, mas a gente nasce, a gente cresce, e um belo dia a gente engravida. Com a gestação e o parto nos aproximamos da porção mais fêmea do nosso ser. Ser fêmea, neste sentido diz mais que apenas ser mulher, já que o “ser mulher” carrega um teor cultural muito forte e, na maioria das culturas, apresenta uma visão machista do feminino.
Ser fêmea é se deixar ser leoa, ser cadela, é deixar fluir o instinto de sobrevivência, ouvir o instintivo, o sexual, defender a cria, entocar-se com ela, desprezar as relações exteriores. No puerpério, junto com todos os instintos de fêmea e todo o paradoxo social ( e quem aguenta esse fru-fru todo em volta do bebê?), a fêmea em questão, mergulhada em hormônios (ou na falta deles), desequilibrada, ausente, feliz e infeliz, se debate na nunca tão intensa bipolaridade de ser mulher.
Onde um “a” pode acabar com o dia, um “b” pode levar rapidamente ao êxtase, uma lágrima desespera, uma respiração tranquiliza e um sorriso salva o mundo.
Se antes já considerava intensos meus sentimentos diante do mundo, hoje, puérpera, essa intensidade pulsa como nunca, me leva numa espiral louca sobre a qual não tenho controle, onde por vezes respiro, por vezes sufoco. Por vezes estou dentro, por vezes estou fora. Por vezes ardo de amor, subo, voo. Por outras desço triste e mergulho em meus confins. 

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