Radha se foi. Simples assim.
A velhice surpreende por sua pressa. A finitude é uma coisa assustadora.
Radha se foi.
O quintal está frio e silencioso.
A casa está triste.
Está no pé do Ipê que há de crescer muito ainda.
Dia desses, será flores.
Sem querer deletei todo o antigo blog. O Quadrante Delta ficou ainda mais perdido no espaço... Através deste novo veículo retorno àquelas paragens. Refaço o caminho, reconheço o trajeto e, embora não possa recuperar o que já está perdido, o quadrante ainda reserva mundos inexplorados. Boa viagem!
domingo, 27 de março de 2011
quinta-feira, 17 de março de 2011
Radha e a velhice
Uns tempos atrás a Radha parou de comer. Ela já tinha parado algumas vezes, mas dessa vez não voltava mais. Foi ficando pele e osso, amuada, as moscas por cima.
Sexta passada levamos ao veterinário, a internou pois estava muito fraca e pediu uma série de exames para ver o que ela tinha. A suspeita não era nada boa.
Sábado voltamos e o pior se confirmou: câncer de fígado e baço, provavelmente por isso não queria mais comer. O médico nos contou, sem anestesia, que a doença não era operável nem tratável, dado o estado avançado e sua idade, mais avançada ainda. Visitamos ela no canil, querendo ser uma presença positiva, mas nossa capacidade não atingiu a expectativa. Ela queria voltar, é claro, mas a deixamos lá mais uma noite.
Foi um final de semana de agonia - para saber e por saber. Por ver sua vasilha de ração e o quintal vazio. A casa estava incompleta. E as previsões para o futuro deixavam esta incompletude ainda mais profunda.
Decidimos trazê-la de volta de qualquer jeito no domingo à noite. Tentaríamos fazê-la comer. Se ela ficar forte de novo vamos cuidando dela no tempo que lhe restar. Desde que não esteja com dor, e ela não está por enquanto, preferimos que fique em casa, no lugar que ela conhece.
Precisam ver a alegria e a mudança de atitude quando colocamos a guia. De repente ela entendeu que voltaria para casa! Foi tomada por uma energia que a fez querer explorar tudo.
Dizem que os pitts não sentem dor nem vivem muito. Ela já está com 12 anos. É estranho pensar que a poucos meses pulou o muro para passear e que um ano atrás ainda caçou um gato. A velhice vem de repente. Num dia forte e alegre, no outro debilitada e sem querer comer. Juro que achei que ela ainda tinha uns três anos... Talvez até tenha. Câncer é imprevisível. Às vezes avança muito rápido, às vezes fica estagnado, e a pessoa vai vivendo com ele, embora não possa vencê-lo.
Está em casa há quatro dias. Cada dia é uma nova vitória. Um dia come bem, outro não. Tem vomitado e o intestino ainda não funcionou. Às vezes levanta um pouquinho, abana o rabo, outras vezes só quer dormir. Está tomando uma batelada de remédio.
Vamos ver, nossa missão agora é fazê-la comer, beber e defecar. E vencer os vômitos.
Um dia de cada vez.
Sexta passada levamos ao veterinário, a internou pois estava muito fraca e pediu uma série de exames para ver o que ela tinha. A suspeita não era nada boa.
Sábado voltamos e o pior se confirmou: câncer de fígado e baço, provavelmente por isso não queria mais comer. O médico nos contou, sem anestesia, que a doença não era operável nem tratável, dado o estado avançado e sua idade, mais avançada ainda. Visitamos ela no canil, querendo ser uma presença positiva, mas nossa capacidade não atingiu a expectativa. Ela queria voltar, é claro, mas a deixamos lá mais uma noite.
Foi um final de semana de agonia - para saber e por saber. Por ver sua vasilha de ração e o quintal vazio. A casa estava incompleta. E as previsões para o futuro deixavam esta incompletude ainda mais profunda.
Decidimos trazê-la de volta de qualquer jeito no domingo à noite. Tentaríamos fazê-la comer. Se ela ficar forte de novo vamos cuidando dela no tempo que lhe restar. Desde que não esteja com dor, e ela não está por enquanto, preferimos que fique em casa, no lugar que ela conhece.
Precisam ver a alegria e a mudança de atitude quando colocamos a guia. De repente ela entendeu que voltaria para casa! Foi tomada por uma energia que a fez querer explorar tudo.
Dizem que os pitts não sentem dor nem vivem muito. Ela já está com 12 anos. É estranho pensar que a poucos meses pulou o muro para passear e que um ano atrás ainda caçou um gato. A velhice vem de repente. Num dia forte e alegre, no outro debilitada e sem querer comer. Juro que achei que ela ainda tinha uns três anos... Talvez até tenha. Câncer é imprevisível. Às vezes avança muito rápido, às vezes fica estagnado, e a pessoa vai vivendo com ele, embora não possa vencê-lo.
Está em casa há quatro dias. Cada dia é uma nova vitória. Um dia come bem, outro não. Tem vomitado e o intestino ainda não funcionou. Às vezes levanta um pouquinho, abana o rabo, outras vezes só quer dormir. Está tomando uma batelada de remédio.
Vamos ver, nossa missão agora é fazê-la comer, beber e defecar. E vencer os vômitos.
Um dia de cada vez.
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